Aprovado na Alesp, Programa de Regularização de Terras no estado terá prazo maior para adesão

Medida permite que mais produtores rurais possam ser beneficiados pela lei, que expirou em janeiro deste ano; nova data limite será 31 de dezembro de 2026

24/04/2024 às 20:27 | Por: Imprensa - Alesp

Alesp aprova novo prazo para regularização de terras do Estado (Rodrigo Costa)

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo aprovou, nesta quarta-feira (24), com 57 votos favoráveis e 14 contrários, a ampliação do prazo para adesão ao Programa Estadual de Regularização de Terras. A nova data limite para a apresentação de propostas de acordos será 31 de dezembro de 2026, renovando o prazo que se extinguiu em janeiro deste ano.

Na visão do Governo do Estado, autor do Projeto de Lei 1589/2023, a prorrogação do prazo permitirá que mais produtores rurais possam se beneficiar aderindo ao programa, criado pela Lei Estadual 17.557/2022.

"Cabe ressaltar a importância da regularização fundiária, medida para alcançar a paz e a segurança jurídica no campo, requisitos fundamentais para a retomada de investimentos privados e o fomento ao desenvolvimento das regiões menos favorecidas do Estado", justificou o secretário de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai Filizzola.

A proposta segue, agora, para sanção do governador Tarcísio de Freitas.

Regularização de terras

Aprovada pela Alesp, a Lei 17.557/2022 autorizou o Estado de São Paulo a firmar acordos para a transferência de propriedades e para a regularização da posse de terras devolutas - que pertencem ao Poder Público, mas que estão sendo utilizadas por particulares.

De acordo com o Executivo, o objetivo do programa é melhorar a produtividade, a empregabilidade e a competitividade do agronegócio paulista.

As negociações entre Estado e produtores poderão ser feitas por via judicial ou administrativa. A análise, medição e demarcação da área objeto do acordo é de competência da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp).

Discussão em Plenário

Favorável ao projeto, o deputado Barros Munhoz (PSDB) ressaltou a importância da aprovação da medida para acelerar economicamente a região do Pontal do Paranapanema, onde há, historicamente, grande disputa por terras.

"É o que precisa ser feito para o Pontal não ser mais a capital da pobreza, a região mais pobre do estado, para resolver um problema quase que secular", disse Barros.

O deputado Lucas Bove (PL), que votou favoravelmente ao projeto, defendeu a iniciativa do Governo estadual. "O que estamos buscando é regulamentar terras que estão na mão de produtores. O Estado [estará] recebendo esse recurso de volta para pode investir", afirmou.

Apesar da aprovação, o projeto de lei recebeu algumas manifestações contrárias ao longo das Sessões Extraordinárias em que foi discutido na Alesp. Os parlamentares que se opuseram à proposta criticaram o processo escolhido para a regularização das terras e os custos estimados, considerados por eles abaixo do que realmente valem as propriedades.

"Esse projeto vai na contramão da maior necessidade de justiça social deste estado, que é a divisão de terra, a moradia e o planejamento urbano e rural. É um PL que se propõe a regularizar terras, mas não em comunidades, em territórios pobres sem asfalto e saneamento ou em terrenos sob risco de desabamento. São grandes quantidades de terras que serão vendidas a latifundiários por um preço muito abaixo do mercado", afirmou a deputada Monica Seixas do Movimento Pretas (Psol).

Autor de uma emenda de pauta contrária à proposta, que foi rejeitada pelo Plenário, o deputado Reis (PT) criticou a medida: "Antes, as terras públicas devolutas eram arrecadadas pelo Estado e destinadas à implantação de assentamentos para agricultores familiares, gerando renda e produção de alimentos. Ninguém saía perdendo".

Dia da Trabalhadora Doméstica e de Cuidados

Durante a Sessão Extraordinária desta quarta, o Plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo também aprovou, por unanimidade, o projeto de lei que cria o Dia Estadual da Trabalhadora Doméstica e de Cuidados, a ser comemorado anualmente no dia 27 de abril.

Projeto de Lei 1611/2023 foi proposto pela deputada Ediane Maria (Psol) e também segue, agora, para sanção ou veto do governador.

"[O dia estadual] serve para que a gente tenha um grande debate sobre nossa condição de trabalho. É uma categoria que historicamente foi invisibilizada propositalmente, em que a grande maioria são mulheres negras", disse a autora da proposta.